A arquitetura financeira internacional atual não está preparada para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e o aumento das desigualdades. Este tema tem sido amplamente discutido em fóruns do G20, incluindo encontros de ministros das Finanças, onde se debatem mecanismos como a tributação global dos super-ricos para corrigir distorções históricas.
Conferência no Rio de Janeiro
Nesta semana, cerca de 40 especialistas de países da África, Ásia e Américas estão reunidos no Rio de Janeiro em uma conferência promovida pelo International Development Economics Associates (IDEAs) e o Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O objetivo é refletir sobre as ações necessárias no atual ambiente econômico e geopolítico global.
Desafios da Arquitetura Atual
Segundo Jayati Ghosh, professora de Economia na Universidade Jawaharlal Nehru, o formato atual da arquitetura financeira não permite lidar com crises de dívida externa globalmente e não oferece soluções financeiras para desafios críticos como mudanças climáticas e saúde. Ela defende a reinvenção da estrutura para que países poderosos não monopolizem as decisões.
Perspectiva do Sul Global
Margarita Olivera, professora do Instituto de Economia da UFRJ, destaca que o G20 está, pela primeira vez, tentando trazer uma perspectiva do Sul Global, o que é crucial para a reforma da arquitetura financeira internacional. Um documento será elaborado no evento para ser apresentado na cúpula do G20 em novembro.
Financiamento para o Desenvolvimento Sustentável
Jomo Kwame Sundaram, membro da Academia da Ciência da Malásia, relembra que, em 2008, as Nações Unidas propuseram um novo acordo verde global, mas o financiamento arrecadado foi desviado para fortalecer o FMI. Ele enfatiza a necessidade de financiamento massivo para alcançar o desenvolvimento sustentável, especialmente para a adaptação climática.
Mudança no Fluxo de Capitais
O economista Winston Fritsch, do Cebri, alerta para a necessidade de mudança no fluxo global de capitais. Ele observa que, se a Índia seguir o modelo chinês de desenvolvimento, o mundo enfrentará um desastre ambiental.
Modelo de Crescimento da Índia
Prabhat Patnaik, professor emérito do Centro de Estudos Econômicos e Planejamento da Universidade Jawaharlal Nehru, argumenta que a Índia deve focar no crescimento do mercado interno, expandindo a agricultura camponesa e fornecendo educação e saúde públicas universais, em vez de depender de corporações multinacionais para exportação.