Separamos uma série de discussões acerca da inteligência artificial na área da Arquitetura e correlatas, como programas, desafios, auxílios e até mesmo como anda a regulamentação da tecnologia no Brasil
Com as novidades recentes no setor de tecnologia, especialmente após o boom do produto da Open AI, o ChatGPT, o mundo resolveu parar para discutir o impacto dessas novidades. Nas redes sociais e rodas de conversa sobre o assunto, o tópico principal é como as profissões sofreriam o choque e até mesmo se profissionais seriam substituídos.
Foi a partir desta crescente onda de ferramentas e usuários que organizações mundiais passaram a assinar pedidos aos governos e até mesmo criar manuais optativos de ética para o uso de IA na profissão que representassem, inclusive os conselhos de Arquitetura.
No Reino Unido, o Royal Institute of British Architects (RIBA), disse ao portal Deezen estar trabalhando com o governo para produzir guias de uso das tecnologias de inteligência artificial aos profissionais de arquitetura britânicos.
No mesmo material, o American Institute of Architects (AIA), dos Estados Unidos, explicitou estar acompanhando de perto as mudanças, preocupações e oportunidades das ferramentas para a profissão. O mesmo vale para o Australian Institute of Architects, do país homônimo, em documento direcionado ao governo, que pedia regulamentação das tecnologias na profissão.
Casa e Jardim buscou um parecer de profissionais especialistas no setor para quebrar alguns estigmas em relação à IA e esclarecer certas preocupações.
O que é Inteligência Artificial?
Com o número vultoso de discussões, o conceito de inteligência artificial pode parecer óbvio, mas, no fim, não é. A ideia de um robô com “inteligência” não nasceu em 2020, nem pouco tempo antes disso.
Em resumo, o termo surgiu nos anos 1940. As máquinas capazes de realizar cálculos complexos, como aquela posteriormente usada por Alan Turing na Segunda Guerra Mundial, fazia parte deste modelo e era utilizada para decodificar mensagens do exército Alemão.
Quem explica isso é Glauco Arbix, sociólogo, professor titular do departamento de sociologia da Universidade de São Paulo (USP), coordenador da área de Humanidades do Center for Artificial Intelligence-USP-Fapesp-IBM.
É um fato que, com o tempo, a profissão de Arquitetura e Urbanismo foi transformada pela chegada de novas tecnologias. Enquanto antigamente os desenhos e cálculos se baseavam no papel e lápis, atualmente, existem programas, como o Building Information Modeling (BIM), que permitem centralizar várias áreas do projeto em um só lugar e até o AutoCAD, que facilita o desenho técnico em dimensões.
Por isso, vale ressaltar que a mudança na profissão através do desenvolvimento das máquinas não é nova, e deve continuar acontecendo com a chegada de novos modelos de inteligência artificial e até do que chegará após isso. Ainda assim, para cessar uma das maiores inquietações dos usuários, Glauco garante: até hoje, não nasceu nenhuma IA que pudesse competir com a inteligência humana.
Portanto, até então, a preocupação é muito mais sobre quem usa e como estas tecnologias estão sendo inseridas no fluxo de trabalho.
Um exemplo são as ferramentas geradoras de imagens, onde, se cadastradas sob um banco de dados muito generalizado, podem gerar um produto para um arquiteto e até mesmo um designer com “assinaturas” de outros profissionais, visto que a máquina não tem potencial criativo para criar algo completamente novo. “Estas tecnologias não foram feitas para te dizer a verdade, ele te dá um formato semelhante a que um humano faria, mas não dá a palavra final”, conclui Glauco.