O projeto da Aldeia Sagrada Yawanawa se destacou como uma das representações mais potentes da arquitetura ancestral brasileira na Bienal de Arquitetura de Veneza, revelando ao mundo a sabedoria, a espiritualidade e a força cultural do povo indígena Yawanawa. Essa iniciativa inovadora não apenas celebra a identidade originária da Amazônia, mas também propõe reflexões profundas sobre a relação entre território, sustentabilidade e pertencimento, em um dos eventos mais prestigiados da arquitetura mundial.
Desenvolvido com o envolvimento direto da comunidade Yawanawa, o projeto da Aldeia Sagrada Yawanawa rompe com paradigmas tradicionais da arquitetura ocidental. A proposta parte do princípio de que a terra, os rios, a floresta e os saberes ancestrais são fundamentos para a construção dos espaços. Essa perspectiva traz à tona um modo de habitar que respeita os ciclos da natureza, valoriza o coletivo e estabelece uma conexão espiritual entre o ser humano e o ambiente.
O projeto da Aldeia Sagrada Yawanawa foi exposto no pavilhão brasileiro sob o tema Terra, onde representou com grande destaque as práticas de arquitetura indígena como resistência e criação de futuro. A estrutura, elaborada por meio de técnicas tradicionais, utiliza materiais naturais e conhecimentos passados de geração em geração, como o trançado de palha, o uso de madeira nativa e o desenho circular das casas que favorece a convivência comunitária e o equilíbrio energético.
Além do aspecto técnico, o projeto da Aldeia Sagrada Yawanawa tem um impacto simbólico e político. Ao ocupar espaço em uma exposição global como a Bienal de Veneza, o projeto reafirma que a arquitetura indígena não é uma prática do passado, mas sim uma expressão contemporânea e viva de territorialidade e inovação. Essa presença representa um ato de afirmação cultural dos povos originários e um convite ao mundo para escutar, aprender e respeitar os saberes tradicionais.
O reconhecimento internacional do projeto da Aldeia Sagrada Yawanawa também reforça a importância de políticas públicas e iniciativas de valorização cultural que incentivem a permanência e autonomia das comunidades indígenas em seus territórios. A aldeia, localizada no Acre, é um centro espiritual e de cura para o povo Yawanawa, e agora se torna também um símbolo global da resistência indígena por meio da arquitetura.
A participação do projeto da Aldeia Sagrada Yawanawa na Bienal foi viabilizada com apoio institucional e envolvimento de profissionais comprometidos com uma visão de mundo descolonial. A curadoria brasileira optou por dar voz aos povos que historicamente foram silenciados, oferecendo um palco para que seus modos de pensar, construir e viver pudessem ser vistos como referência e não apenas como curiosidade antropológica.
Com isso, o projeto da Aldeia Sagrada Yawanawa não apenas amplia o repertório da arquitetura contemporânea como também desafia os arquitetos e urbanistas a repensarem seus próprios conceitos. A proposta mostra que é possível construir com o que a terra oferece, com respeito, beleza e propósito, sem abrir mão da técnica, da estética e da profundidade cultural.
A presença do projeto da Aldeia Sagrada Yawanawa na Bienal de Veneza inaugura um novo capítulo na valorização da arquitetura indígena brasileira, reposicionando os povos originários no centro das discussões sobre o futuro das cidades e do planeta. Ao unir ancestralidade, espiritualidade e inovação, a aldeia se transforma em um símbolo de esperança e transformação, mostrando que a arquitetura também pode ser um caminho para a cura do mundo.
Autor: Lissome Rynore