A cidade de São Paulo será palco de um evento que promete resgatar e valorizar a memória de um dos movimentos arquitetônicos mais significativos do Brasil. A Semana da Arquitetura Moderna Paulista convida o público a mergulhar na estética, na técnica e na história da arquitetura modernista ao abrir, de forma inédita, residências que representam verdadeiras joias escondidas da capital paulista. A ação é organizada pela Casa da Arquitetura Moderna Paulista e propõe um reencontro da população com espaços que expressam a identidade urbana forjada entre concreto, paisagem e pensamento crítico.
Durante a Semana da Arquitetura Moderna Paulista, entre os dias 1º e 7 de setembro, cinco casas emblemáticas serão abertas à visitação com o objetivo de reforçar a importância de preservar o patrimônio arquitetônico ameaçado pela especulação imobiliária. O evento oferece visitas guiadas e exposições imersivas em residências assinadas por nomes centrais do modernismo brasileiro, como Paulo Mendes da Rocha, Carlos Millan, Eduardo de Almeida, Sylvio Sawaya e Edmilson Tinoco Jr. Esses imóveis, muitos deles inéditos ao grande público, simbolizam um momento histórico de ruptura e avanço no modo de pensar o morar.
A Semana da Arquitetura Moderna Paulista também propõe um debate sobre a ocupação cultural e a resistência patrimonial em meio à verticalização intensa da cidade. Com a demolição acelerada de casas icônicas, a iniciativa busca estimular o reconhecimento da arquitetura como ferramenta de memória coletiva e como patrimônio vivo. A casa-sede do evento, conhecida como Casa João Marino, é um dos destaques da programação. Sua preservação e uso como centro cultural demonstram como a arquitetura pode ganhar novas funções sem perder sua essência modernista.
Outro ponto alto da Semana da Arquitetura Moderna Paulista será a Residência Paulo de Mello Bastos, que revela o equilíbrio entre racionalidade e leveza, características marcantes do período. Já a Casa Nadyr de Oliveira, assinada por Carlos Barjas Millan, reafirma a elegância brutalista com soluções espaciais que ainda hoje influenciam gerações de arquitetos. O contato direto com essas obras permite uma compreensão mais profunda do modernismo paulista como um movimento que soube unir vanguarda técnica e sensibilidade urbana.
A programação da Semana da Arquitetura Moderna Paulista vai além das visitas. Encontros com especialistas, palestras, oficinas e exposições fotográficas integram a agenda cultural do evento, ampliando o debate sobre a relevância da arquitetura moderna no contexto contemporâneo. A ideia é atrair não apenas arquitetos e estudantes, mas também moradores, turistas e interessados em história, arte e urbanismo. A acessibilidade dos espaços e o envolvimento comunitário são pilares centrais para democratizar o acesso ao conhecimento arquitetônico.
A Semana da Arquitetura Moderna Paulista também funciona como um contraponto ao ritmo acelerado da construção civil, que muitas vezes prioriza a rentabilidade em detrimento do valor histórico e cultural. Ao tornar visíveis casas esquecidas ou ocultas pelo tempo, o evento lança um alerta sobre o desaparecimento silencioso de patrimônios que carregam camadas da identidade paulistana. A CAMP, entidade organizadora, reafirma o papel da ocupação cultural como estratégia de preservação e revalorização da arquitetura do século XX.
Entre as residências que poderão ser exploradas, destaca-se a casa projetada por Paulo Mendes da Rocha, vencedor do Prêmio Pritzker e símbolo da arquitetura comprometida com o coletivo e o espaço urbano. Sua visão sobre o papel social da arquitetura permanece atual e inspiradora. Ao abrir essa e outras residências ao público, a Semana da Arquitetura Moderna Paulista cria uma conexão afetiva e intelectual entre os visitantes e os edifícios, revelando camadas de sentido que vão além das formas físicas.
Com essa iniciativa, a Semana da Arquitetura Moderna Paulista não apenas homenageia os grandes nomes da escola modernista, mas também estimula a reflexão sobre o futuro da cidade. Ao integrar memória, ocupação cultural e acesso ao patrimônio, o evento lança luz sobre uma São Paulo que resiste no concreto, mas pulsa na história. O resgate promovido pela Semana da Arquitetura Moderna Paulista é, antes de tudo, um gesto de reconhecimento da arquitetura como parte inseparável da construção da cidadania.
Autor: Lissome Rynore