Segundo Rodrigo Balassiano, a Instrução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nº 175, publicada em 2023, representa uma importante reformulação do regime jurídico dos fundos de investimento no Brasil. A atualização visa modernizar o arcabouço regulatório vigente, adaptando-o às novas práticas de mercado e às demandas crescentes por maior eficiência operacional e segurança jurídica. Esse novo marco legal traz mudanças significativas na estruturação dos fundos que serão exploradas nesse artigo.
Como a CVM 175 flexibiliza as classes de cotas?
Uma das principais inovações introduzidas pela Instrução CVM 175 é a ampliação e flexibilização das classes de cotas nos fundos de investimento. Agora, é possível segmentar melhor os direitos e obrigações dos cotistas dentro de um mesmo fundo, permitindo a criação de diferentes categorias com características próprias. Essa mudança permite que os gestores ofereçam produtos mais personalizados, atendendo a uma gama mais ampla de perfis de investidores.
Ademais, Rodrigo Balassiano destaca que essa flexibilidade contribui para a redução da necessidade de múltiplos fundos com objetivos semelhantes, mas com pequenas variações operacionais. Isso pode resultar em ganhos de escala, menores custos administrativos e maior eficiência na gestão dos recursos. No entanto, é essencial que sejam mantidos critérios claros de transparência, evitando distorções ou tratamentos injustificados entre os cotistas de diferentes classes.
Os cotistas têm responsabilidade limitada sob a nova regra?
Sim, a Instrução CVM 175 reforça a cláusula de responsabilidade limitada dos cotistas, consolidando-os como investidores cujo risco patrimonial está restrito ao valor aplicado no fundo. Antes, apesar de essa ser uma prática comum, a normativa não deixava isso tão explícito. Com a nova redação, fica claro que os cotistas não respondem pelas obrigações contratuais ou fiscais do fundo, salvo situações específicas previstas em lei. Isso aumenta a segurança jurídica para quem decide investir nesses veículos.

Conforme informa Rodrigo Balassiano, essa garantia é fundamental para atrair novos participantes ao mercado de fundos, especialmente investidores de varejo, que muitas vezes hesitavam em aplicar recursos por medo de implicações legais indesejadas. Além disso, a clareza na definição da responsabilidade limitada facilita a captação de recursos internacionais, já que investidores estrangeiros costumam exigir esse tipo de proteção antes de entrar em mercados regulados.
Quais são os impactos para administradores e gestores?
Com a entrada em vigor da CVM 175, administradores e gestores precisam se adequar a uma série de novas exigências e oportunidades. A flexibilização das classes de cotas, por exemplo, exige sistemas operacionais mais robustos e processos de compliance ajustados para lidar com a complexidade adicional. Por outro lado, a possibilidade de criar estruturas mais customizadas abre espaço para inovação e diferenciação de produtos no mercado.
Além disso, a nova instrução estabelece regras mais claras sobre governança e prestação de contas, aumentando a carga regulatória desses agentes. Rodrigo Balassiano expõe que eles agora devem garantir maior transparência nas relações com os cotistas, bem como cumprir padrões mais rigorosos de divulgação de informações. Apesar do aumento inicial de custos operacionais, espera-se que essa maior padronização fortaleça a confiança no setor e estimule o crescimento sustentável dos fundos de investimento brasileiros.
Rumo a um mercado financeiro mais dinâmico
A Instrução CVM 175 marca um avanço significativo na modernização do mercado de fundos de investimento no Brasil. Rodrigo Balassiano conclui que ao simplificar e flexibilizar regras antigas, ela cria um ambiente mais propício para a inovação, a concorrência saudável e a inclusão financeira. Investidores ganham em segurança, diversidade de opções e transparência, enquanto administradores e gestores enfrentam novos desafios, mas também oportunidades promissoras.
Portanto, podemos dizer que vivemos a chegada de uma nova era para os fundos de investimento. Com mais liberdade para adaptação e maior clareza jurídica, o Brasil dá passos importantes rumo a um sistema financeiro mais dinâmico, alinhado com as melhores práticas internacionais e preparado para os desafios e tendências do futuro.
Autor: Lissome Rynore